20.11.09

O que está no alto!

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Todos os dias tenho estudado uma parcela das lições que o azul ensina. Fico contente de compartilhar contigo, nesta data, um tanto disto que eu aprendo.

O azul exato é inexistente.

Se está no céu o azul é ilusão. Pouca matéria que não se pode alcançar. É tão só cor, reflexo das águas ou o ar o tal azul celeste. Chega-se às nuvens e até as ultrapassa, o azul não está mais ali. Onde o azul anil será?


O azul é inatingível.


Ele, o azul, está e fica sempre à boa distância, eu pressinto.
Há azul nos mares mais frios, nas calotas e nas costas da terra. É tão perto ou dentro, mesmo assim, não se pode tocar este azul profundo. Onde a parte tangível de mares e dos céus está, nas imensidões azuis? Tão próximas dos olhos, sempre distantes da mão.

O azul é inacessível.


Mas é certo que o azul nos inunda a imaginação. A possibilidade de tocar o azul mais profundo, eu alcançaria, a guardar um pedacinho de matéria azul, mas sequer eu posso e nem fazer presente aos próximos ou aos amados...

O azul tem beleza singular.

Há o azul das geleiras, dos Glaciares. Você também já comprovou, é lindo! E inexistente, e inatingível e inacessível. Deste eu até bebi, e preso no cristal do copo, era água com a inconfundível cor de água, isto é, transparente e límpida, como é também a cor cristais amadurecidos. Centenas e centenas de anos e a água não se tornou azul, apesar da insistência do céu, do mar e também do frio. Este último, dizem, também é azul, logo, inexistente, inatingível, inacessível.

O azul é sempre profundo.

Nós sabemos do azul qual o tom exato dele que nos faz vibrar mais e melhor, certo?
Ele não existe, senão nos nossos olhares que nos enganam e nos protegem a nos presentear com profundidades e transparências e tonalidades as mais variadas de algo que não existe. Não apenas não existe, também é incerto, inexato, inconstante e, claro, impermanente e límpido.
E vemos o azul e a ele creditamos uma boa parcela de confiança e de pequenas alegrias: O dia está azul celeste de leveza... O dia vestiu o manto azul profundo salpicado de luzes e fez-se noite... Ou o azul nos serve de metáfora para o mais além de nós mesmos. Bem possível traduza o que é frágil em nós.
Vemos e vivemos certas parcelas das nossas vidas imersas no azul. E, se vemos ele não está ali, sabemos, e ainda assim vivemos o azul que pulsa debaixo da nossa frágil pele (sabemos o vermelho do sangue, e vemos também azul nobreza... até aqui dentro de mim!)

Sentimentos, pensamentos e emoções são assim, não são? Tal como é o azul! Existem por existirem em algum lugar na gente, mesmo que não vejamos, nem toquemos. Não há um órgão. Nem matérias...

Exercer! Existir! Exercitar-se nos arficífios, articulações... Experiências, experimentos... E (ousar) ser!
A lição que o azul me ensina, estando vazio, ele está pleno.

Um mundo ou mais de alegrias todos os dias dos novos azuis tempos!

As geleiras azuis são Del Fin del Mundo, onde fui buscar um azul para compartilhar contigo!





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