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Horas
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Tantas vezes sonhei-me imagem.
Em outras, pensei-me metáfora.
Tantas, signo de algum além.
Mas foi um desaforado e divino,
desses que perambulam aqui,
que fez cair a primazia
dos dias de transcendência.
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Faz calor e chove.
Haja ou não nuvens,
eis que haverá sempre
trinta e tantos dias.
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Qual Jorge sobre o cavalo
e lança em punho,
desfiro golpes da sorte
ao ritmo de distrativas horas.
Se elas se esvaem
eu nada sei ou sinto.
As horas são,
não se formam,
mas me constituem.
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Ao amigo de horas distraídas, que prenunciam segredos cifrados, meu carinho nas palavras do Gullar.
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Traduzir-se
Ferreira Gullar
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é questão
de vida ou morte _
será arte?
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Um comentário:
O que dizer sobre um presente desses, tão lindo? OBRIGADO é muito pouco! Mas, em janeiro, se tudo der certo, te retribuo a altura! Rssss....
Beijos!
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