"A paixão passa em brancas nuvens", foi o que ele leu nas entrelinhas, olhos navegantes, em nuvens, no céu dos seus óculos.
Aprendeu tardiamente as figuras e as casas do zodíaco, horóscopo diário, previsões das meias paixões coloridas para os dias de chuva e sol. Viver era prevenir-se dos brinquedos e da jocosidade do acaso
Ele nunca andava com os pés no chão, tendo pés de vento entre o corpo e os pensamentos, cabeça nas nuvens, a olhar cego para a luz, maravilhado com o brilho do sol nas cores de nuvens e em outros infinitos. E não viu o amor passar, lavar, cozinhar os seus dias e a coser os retalhos do tempo sob os passos dos seus três filhos legítimos e dos tantos que foram por ela agregados àquela mesa. Quando amar era já lembrança, apenas um vago projeto de futuro, um plano, um sentimento na memória, ele apaixonou-se pelo tango.
Ele, o ardor, noitecia com pernas tibias mesmo sem jamais amadurecer, bailando o tango até o dia da sua morte.
Ele, o ardor, noitecia com pernas tibias mesmo sem jamais amadurecer, bailando o tango até o dia da sua morte.
Na lápide ele pediu o escrito: sem saber e desde sempre foi um tango trágico o que vivi, por isto eu bailava ao vento.
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