18.8.12

Ato, desato, nada faço




Boato corre à boca miúda e tem bem poucos dentes...



O tempo



o inapreensível instante





Os dias ficam espertos


não cabem
em si,
em horas,
minutos,
em segundos

Apenas dias memoráveis,
deseja a eternidade 

21.7.12

Opera

Comemora a volta do sol, dos frutos o luzidio vermelho e amarelo, florescências da intensidade em verdes e azuis profundos.

Presencia o mistério da destilação da sombra, a luz nas copas, dos galhos à ramada.

Abre asas, volutas dos quatro ventos.

Incentiva o incêndio da alma adormecida das cigarras.

Redesenha a memória dos enigmas nas tardes aquecidas. 

Desperta estridentes, nos desesperados clamores do sol, a agonia do dia, afogado na paleta que tinta sangue o horizonte.

Evapora o renascer nas manhãs;

Adormece a flama do almofariz infinitivo.

Celebra o ouro que em si germina, na cor do orvalho, na pressão da luz universal, na solvência da evaporação do sal.

Combina o princípio do verbo fixo.

Arrebata na combustão e corrosão dos metais o volátil, o inerte.


No campo da mortal batalha dos dragões solares e lunares, o novo e impermanente espírito.
Aos olhos da manhã, sob a luz amarela, o menino cintila com as mãos sobre a mesa: numa a moeda, na outra a faca e o cálice ao centro, ao alcance da boca.


O Ser/estar, se nunca nasceu, neste dia sem fim, nem começo renasceu.

Aleias de Zínias




Um corte entre as costelas,
a terceira e a quarta.
Um talho no peito.
Um rio, sem ser o Tejo.


Dias escorrem, vãos
dentes e dedos sob sol sempre brando.
Tênues curvas das horas
e as sementes aquecidas sob a terra.


Paris entre os desatinos das águas 
teima entre desertos e parques, heras, sombras, réstias.


Areia sobre a lente dos relógios não faz parar as horas.
O perfume acre das histórias,
fotografias.
Sussurros do templo: é o presente antes de ontem.


Mister o corpo,
expia a pele,
reconta suspiros,
medos em renovados segredos.


Jorra sangue das páginas.
Jovens amantes vacilam.
Apagar as luzes dos olhos em bacias de desejos.


Na pele um fio vermelho escavado,
anela o dedo dos noivos.
Cicatriz muda, vazia.

A morte não deixa filhos, não tem sentidos, finalidades, mistérios.




12.7.12

Carta dos docentes de História da UFPB endereçada ao PPGH solicitando desligamento


PRODUTIVISMO: Carta dos docentes de História da UFPB endereçada ao PPGH solicitando desligamento.

João Pessoa, 02 de julho de 2012

Ciência precisa de maturação, que esse princípio possa ser aplicado nas Ciências Humanas!
Os signatários deste documento vêm respeitosamente solicitar seu desligamento do Programa de Pós-Graduação em História da UFPB.
Nossa decisão não está relacionada de forma específica à condução realizada pela Coordenação ou ao restante do corpo docente do Programa – excetuadas divergências de caráter pontual, sempre presentes em quaisquer grupos de trabalho –, mas liga-se à discordância com os rumos dos Programas de Pós-Graduação no Brasil, em nosso Estado e na nossa Universidade.
Os gestores de pós-graduação, seja por adotarem uma posição pragmática, pressionados pelos parâmetros quantitativos das agências de fomento que controlam a pesquisa de pós-graduação no país, seja por acreditarem que tais parâmetros são corretos, têm levado os cursos, os docentes e discentes à busca desenfreada pelo cumprimento de metas quantitativas em detrimento, em nossa compreensão, de valores que devem nortear a produção do conhecimento acadêmico e que se articulam a dimensões qualitativas da pesquisa e da reflexão na área das Ciências Humanas.
Num texto não tão recente, mas bastante atual, intitulado Notas para a Discussão sobre a Excelência Acadêmica, a filósofa Marilena Chauí realizou uma breve e lúcida reflexão sobre os atuais critérios de avaliação e seus indicadores. Nele apresenta uma série de críticas ao sistema e seus parâmetros que ranqueiam eventos e periódicos e atribuem, a partir daí, pontuações que qualificam (ou desqualificam) o docente e, por tabela, os Programas aos quais estão vinculados. Apesar de não citá-lo diretamente, o referido texto inspira, em boa medida, este documento. Reconhecemos o fato de que também somos co-responsáveis pela situação, de um modo global, pois em diversas circunstâncias referendamos as metas quantitativas e as reproduzimos em nossas práticas. Certamente, mesmo a contragosto, encaminhamos certos procedimentos exigidos em função de cobranças institucionais. Entretanto, o avanço desse processo tornou a situação cada vez mais inflexível e nos levou a tomar essa iniciativa de desligamento formal.
Consideramo-nos profissionais sérios, comprometidos com a universidade, com o trabalho acadêmico e com a produção do conhecimento, e sempre buscamos em nossas atribuições, seja no ensino, na pesquisa, na extensão ou na administração, contribuir com a melhoria cursos de História da graduação e da pós-graduação. Nossos alunos sabem do que estamos falando e não precisamos, aqui, dizer quem somos e porque nos colocamos contra o produtivismo quantitativo. Não acreditamos que se faça História – uma ciência humana do acúmulo, da maturação, da reflexão, uma escrita tão próxima da literatura, com tanto a ver com a imaginação criativa – sem o tempo que lhe é devido e sem propósito de dizer algo novo.
Não defendemos, aqui, a acomodação, fenômeno tão nocivo à vida acadêmica, e reconhecemos a importância da produção científica e da publicação periódica de resultados de pesquisas – que tem avançado, apesar dos percalços, em nosso país – mas entendemos que produção não é sinônimo de produtivismo. Essa distorção, com seus inúmeros vícios, mais esteriliza que permite o avanço da ciência, especialmente no campo das humanidades. A questão fundamental é definir o que significa produção. Limitar o reconhecimento da produção acadêmica ao vale-tudo do "publish or parish", não é contribuir para a inovação, é ingressar num "burocratismo" que privilegia a busca desenfreada de rankings em vez da efetiva e qualificada produção científica.
Entre outras questões, a criação de programas de pós-graduação deve se dar em consonância com a graduação, sendo que essa segunda não pode tornar-se tão somente um apêndice ou uma espécie de "etapa preparatória" da primeira. A pós-graduação deve significar um desenvolvimento da graduação e não uma negação dela. Nesse sentido, relegar a graduação e o ensino a um status menor é um equívoco extremamente danoso e que pode solapar as bases de formação qualificada de profissionais em diversas áreas.
Deve-se observar a estrutura de cada programa de pós-graduação e sua forma de inserção na sociedade no seu entorno, para se avaliar inserindo critérios de ponderação, que não tornem os parâmetros uniformes e inflexíveis. Cada região do país possui suas peculiaridades e não se pode ter uma medida  desconsidere isso. Um pequeno exemplo pode ser apresentado: na realização de eventos há uma pontuação que desqualifica aqueles de caráter local ou regional e valoriza os nacionais ou internacionais. Em suma, todas essas questões, num país das dimensões do Brasil, exigem uma definição de critérios que não funcionem como "desculpas", mas que permitam avaliar para além de parâmetros rigidamente lineares.
Considerando, especificamente, um Programa como o nosso, que tem como seu escopo fundamental questões ligadas à história regional e ao ensino da disciplina, priorizar critérios que não levem esses aspectos em conta na sua avaliação contradiz a própria essência que norteou a criação do mesmo. Isso não implica em qualquer forma de xenofobia, mas em reconhecer que os critérios valorativos aplicados estão também relacionados a lócus de poder que ultrapassam o aspecto puramente científico. Também há de se respeitar as peculiaridades de cada campo do conhecimento, pois não é possível mensurar a produção na área das ciências humanas, tendo como parâmetro a produção científica e tecnológica das áreas das ciências exatas. Mais uma vez, é preciso considerar as diferenças e peculiaridades inerentes a cada situação, mesmo mantendo o rigor e a seriedade necessários ao processo avaliativo.
Os docentes que assinam este documento, não concordam com a preponderância quase absoluta do critério hoje considerado imprescindível nas avaliações dos Programas de Pós-Graduação: a produção e publicação de artigos num sistema que prioriza aspectos essencialmente quantitativos. Para realizá-los com a qualidade que exigimos de nós mesmos, para que sejam textos originais e que contribuam com o avanço do conhecimento em nossos temas, é necessário que sejam produzidos a partir de reflexões realizadas no ritmo em que nos seja possível pensar e escrever História. Efetivamente, com a carga de trabalho e a diversidade de ocupações que assumimos, não consideramos a menor possibilidade de cumprir, com qualidade, tais metas quantitativas.
Com certeza, as questões aqui brevemente esboçadas – além de diversas outras sequer mencionadas – estão relacionadas a um contexto bem mais amplo e complexo e não temos a pretensão de esgotar qualquer uma delas ou de ter respostas definitivas. Apenas manifestamos nosso direito de discordar de algumas condições existentes para a produção do trabalho científico e tomamos uma atitude maturada ao longo de várias discussões nos últimos tempos. Acreditamos que esse contexto é parte de um difícil processo de consolidação efetiva da pesquisa e da pós-graduação no nosso país e seria uma atitude pouca historiadora de nossa parte assumirmos o discurso da inevitabilidade de determinadas situações "para todo o sempre". Certamente, os tempos que virão poderão trazer mudanças, necessidades de ajustes, redefinição de prioridades.Dessa forma, nos mantemos disponíveis para o debate respeitoso de posições e para colaborar direta ou indiretamente com a pós-graduação em outras e renovadas circunstâncias.
Reconhecemos a seriedade e compromisso das trajetórias de muitos de nossos colegas que consideram esse ritmo de trabalhos adequado, bem como daqueles que, apesar de não concordarem se submetem ao esforço produtivo nos moldes exigidos e que buscarão realizá-lo de forma qualificada. São questões da diversidade de opinião que devemos respeitar, mas com as quais não concordamos. Também não gostaríamos de criar contratempos ao Programa, que consideramos socialmente necessário, porque, apesar dos limites impostos pelos prazos de dissertação, ele contribui para a formação de quadros profissionais de História no Estado da Paraíba e no Nordeste. Por fim, informamos que não deixaremos ônus ou prejuízos no que tange às orientações e outras atividades em andamento, apesar de encaminharmos essa situação em ritmos e condições diferenciadas para cada um de nós e que serão devidamente cientificadas à Coordenação do Programa.
Atenciosamente,
Ângelo Emilio da Silva Pessoa José Jonas Duarte da Costa Regina Célia Gonçalves Regina Maria Rodrigues Behar

23.4.12

Ítaca




Se contasse, jamais acreditaria...

de aí que às paredes eu e tu confessaríamos.

diante da recusa do meu amante antigo, o silêncio se fez constante.

e passamos às inimizades, esteios, arrimos

onde encontros, jamais outra vez nos vimos

esmaece o espelho da nossa juventude de crédulos

eu vivi uma juventude bélica do amor,

feita batalhas, perdas e conquistas

15.2.12

Valentine's day


Vivente se diz apaixonado: é meloso, grudento e pegajoso.
 
Diz-se enamorado, mas é emocionalmente dependente, ciumento, choroso, insatisfeito. 
Diz esperar alguém que o complete. Sem saber quem é, sua vida é insignificante, insuficiente. Espera viver com o outro algo que o defina.

5.2.12

Busca


Busca em ciência e arte reorganizar
o espaço/tempo de percepção/sensação,
o pensamento e a prática,
tornando-os aportes para uma realidade outra.
(Mauro R Rodrigues)

30.1.12

Denominação

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Velai

Uns sabem receber. Outros estão prontos para compartilhar. Uns em si naufragam. Outros se surpreendem juntos ao navegar. 


Ciclope


Vestiu-se de coerência e saiu por aí, sentindo-se protegido, posto que sabia aquela arma ser suficiente para enfrentar o mundo.



Pict.: David_Byrne1991 Diário de Bernfried Järvi.

18.1.12

Livro das Tréguas

No livro das tréguas, o nome das pausas, retiradas e ausências dos exércitos. O sumário.
Não esqueço as desistências, as anulações e desesperanças.
As tréguas e desilusões diferem, sendo cansaços desde o começo do mundo.

16.1.12

Voo

E há os que vagam.
Ora num e noutro estado,
Há os que sonham sem dormir
E os que brotam.
Há quem germine em atenções.
Entre ambos e nenhum.
Entre sol, fumaça,
anodino ao que seja,
estranho ou idêntico,
amanheço sem nome

Um erra, equivoca-se e a opinião coletiva pesadamente o julga e o condena à exclusão do jogo.
Assistimos os sentimentos e as experiências erráticas nossas, jamais vividas ou por nós admitidas, assumidas e julgadas na pele de um outro que é severamente punido.
Sancionamos as faltas do outro e assim nos libertamos dos sentimentos/pensamentos que em nós não admitimos sequer permaneça uma breve sombra.
Seu herói sobrevive, sentado na sala, assistindo na tv como seria a vida amarga, triste e demasiadamente humana, caso ele ousasse viver.

Descrevi aspectos aversivos de pessoas repulsivas. Desenhei o retrato preciso da desconhecida sombra que eu projeto no mundo.

17.9.11

Festival Mondial de Théâtre de Marionnette - Charleville-Mézière França.

Ontem aconteceu o espetáculo da abertura oficial do festival. Portentoso, maravilhoso, exuberante! Luzes e projeções de imagens dos bonecos que aqui passaram. Cenas estrangeiras, raras, estranhas ao cotidiano desta pequena vila. 50 anos é o tempo que se leva para apagar da memória o fato de que aqui se deu a entrada do exército hitlerista?
Na fotografia projetada em dimensões estupendas, o sorriso sem dentes do menino de cabelo de milho, o nariz vermelho de uma marionete bêbada, a gargalhada ingênua vincando em gretas a face de três senhores que fazem lembrar dos sulcos da terra arada, ou os olhos atrás da máscara de mistério e o canto e música que não param, no grande coral de citadinos e de uma máquina de mecânica grandiosa, instalada num quiosque iluminado. O festival fez-se porta de saída para o espírito da Grande Guerra. A alegria sutil da arte constrange a tristeza a ir embora.
As imagens são projetadas sobre as paredes do edifício central, propriamente no palácio ducal, torre do relógio. Seleção de fotos e filmes. . . Coleção dos cartazes de todas as edições, coloridíssimos desde sempre, contraposição cuidadosa que tinge de luzes a monocromia da vida nesta pequena cidade.
Espectadores em sorrisos de adultos e de um sem número de crianças. Artistas e espectadores com os olhos de espanto e admiração. Alegria serena com os trapezistas, equilibristas e escaladores suspensos entre os edifícios da grande Praça Ducal.
Imagino que ali havia por volta de 20mil pessoas, ou mais, sem qualquer empurrão ou pisar os de alguém. Não parece necessário o exagero do histrionismo, nem o ensurdecedor estribilho da bateria, nem a queima de fogos de artifício. Instalou-se aqui silenciosa a magia espetacular e alquímica do teatro de marionetes.

10.9.11

UNIMA - Union International de la Marionnette

Prezados, 

Vou ali, além mar, na próxima semana. E consultarei o acervo do Centro de Documentação, a biblioteca com o maior acervo bibliográfico e documental sobre o teatro de animação (bonecos, luvas, dedos, objetos, corpos, sombras, luzes, silhuetas, figuras, imagens... etc. etc.). Visito o Institut International de la Marionnette em Charleville-Mezière, ao norte da França, cidadela de 50mil habitantes, sede da UNIMA - Union International de la Marionnette. 
A direção convidou-me a passear pelos estúdios, laboratórios e demais instalações e conhecer a ponta do iceberg que tornara esta a cidade da marionete, com processos políticos, culturais, didáticos e pedagógicos que fizeram ali florescer a École National Superior des Arts de la Marionnette (ESNAM). É um centro disseminador da arte da marionete.
Acontecerá então a programação comemorativa do 30º aniversário do Institut International de la Marionnette e o Festival Mondial des Theatres des Marionnettes, e a 10ª Feira Internacional do Livro das Artes do Espetáculo, quando da entrevista testemunhal dos mestres da cena: Josef  Nadj,  Denis Marleau, Alain  Recoing e Jacques Nichet.
Estou contente de, por fim, conhecer Susanita Freire, delegada brasileira que representa a América Latina e o Caribe no Conselho Diretor da UNIMA e participará dos debates sobre os seguintes temas:
A formação, a marionete na educação e das perspectivas terapêuticas e serão apresentadas as especificidades da situação da arte da marionete em cada continente. Isto é bastante pertinente, pois subsidia os debates que participamos na área do teatro de animação (da pesquisa), no Seminário de Formas Animadas, que acontece anualmente em Jaraguá do Sul - SC, realização da UDESC e UFSC, que reúne os pesquisadores brasileiros.
Olha estas maravilhuras, quanta belezura:

http://www.festival-marionnette.com/
http://www.festival-marionnette.com/images/entrees-pedagogiques2011.pdf

Única e incrível publicação de periódico brasileiro sobre a pesquisa do teatro de animação. Obra e graça e dedicado amor do queridíssimo Nini (Valmor) Beltrame.

Coleção completa: 
http://www.ceart.udesc.br/ppgt/publicacoes_moinmoin.html

Ufa,é tão pouco tempo e muitas as esperanças de encontrar novas soluções para velhos problemas! Tomara eu retorne com a mesma alegria e o entusiasmo com os quais estou indo 

Mauro R.:. Rodrigues

23.5.11

Fim da tarde

Há dias o azul se guardava,
não se mostrava ou o fazia apenas em horas discretas.
Hoje ele saiu.


Convidou-me para saber parcelas do infinito dele.

22.5.11

RUBENS ateliê de gravura

S ã o  P a u l o   -  2 0 1 0 
C A I X A   C U L T U R A L

Fluxidade ViVa

Órgão e Organismos da Cidade
Organizam-Se no Mercado

Teatro de Bonecos em São Luís do Maranhão - MA

Situado no centro, também o centro histórico.
Fotos de julho de 2010.