27.12.12

Sofre por antecipação

*
Ninguém morre duas vezes!

Hora de respirar mais profundamente
E depois respirar e respirar de novo>
Sentir o ar entrar, preencher o vazio do peito.
Sentir o ar sair do corpo e ganhar o espaço.
E recomeçar uma e outra e mais outra vez.

Apenas respirar, sem nada pensar.
Apenas respirar.
Às vezes a vida parece muito complicada,
Às vezes viver é muito simples.
Mais calma nos momentos complexos para não apagar e a mente anular o que é o mais simples em ti mesmo.
Mais calma nos momentos simples para não apagar o que é complexo e a mente anular o que é o mais complexo em ti mesmo.

Ninguém morre duas vezes!



Mensagem ao amigo que hoje pensou ter passado pelo maior sofrimento na jornada dele, pensou que fosse além do que ele suportaria. Ele não morreu e também não matou em si as qualidades ou as possibilidades de solucionar os sofrimentos.
A mente engana-se.
A mente se espanta.
A mente esquece-se da inteligência.
A mente esquece-se da sabedoria do coração

A sabedoria surge no silêncio.


 




5.12.12

Epistemologia da realidade

A realidade é uma operação cognitiva, mental, para ser mais claro, é cerebral, feita principalmente pelo córtex  na operação mnemônica: a memória.
Quando dizemos que o processo educacional tem o ponto de partida na realidade do estudante, considera-se o potencial de cognição, de aproximação, encontro deste sujeito com um conteúdo novo.
Seria tolo dizer que a realidade é algo diferente do que se percebe, sente e pensa o humano que interage com o mundo e com a sua inteligência e sensibilidade dele.
Realidade é neurocognição!



"Aprender é trazer pra perto, trazer pra dentro" Paulo Freire


"Ensinar e aprender depende da habilidade de o ser humano ser capaz de acolher ao outro, nas condições que ele tem e de propor a este meios de ampliar o repertório de experiências dele (cognitivas, afetivas, materiais), descortinando realidades ainda não inventadas."
Lev Semenovitch Vygotsky 


Paulo Freire sabia isto. Piaget sabia isto. Freinet e Froebel sabiam isto.

Nenhum pedagogo, poeta, escritor e pensador deveria esquecer isto.




Esta talvez seja apenas uma resposta um tanto rancorosa da minha parte, ao artigo
 "PAULO FREIRE, AUTOAJUDA MARXISTA" (Artigo de José Maria e Silva)
que o Briguet postou na TL dele.
É injusto reduzir o trabalho do Paulo Freire a mero ajuste político, uma utopia marxista, mercadológica ou governista. Tentativa vazia de grupelhos que desconhecem a epistemologia daquela proposição. Tentam colocar os estudos que são sobre ela, realizados aqui e fora daqui, distantes do ambiente educacional.
Tendenciazinha tacanha esta, da imprensa e de certo pensamento colonialista, de reduzir os nossos cientistas brasileiros, sérios, a meros porta-vozes ideológicos das mesmas teorias senso comunais que ele empregam para criticar.  Enfim, levam o trabalho de pesquisadores ao castelo de sonhos em que eles mesmos querem viver. Puft! Caem as cartas! Acaba o castelo!

17.11.12

circular

É! A sua presença faz uma parte minha ficar ali como uma mosca que olha inquieta e prepara algo, um salto, um bote, um ataque, o voo para a eterna busca... E outras partes minhas ficam espalhadas naquilo que nem sei o que seja, ou se é que será ainda: pernas, braços, tronco, pulsação. Quando você chega o ar não entra e sai do meu corpo, pois ele já não é meu, mas ele sou eu e respirar é uma escolha, uma decisão: agora soluça... agora pare, agora suspire, agora tome fôlego longo... mais longo. Será que um dia reúno-me à coragem de não sei quem, e antes de você vir à porta da minha percepção eu já adivinhe a sua chegada, a espere, a traga perto do peito e a complete e a aceite, emoção?! Será, emoção?

13.11.12

Ir indo

Tenho pensado em sair, em voltar. em estar em outros lugares, lugares que não seja aqui, lugares que eu jamais vi, nem onde eu já vivi.
Voltar uma vez mais.
Estar de novo no ponto de partida.
Andarilho, estrangeiro, nômade no ponto cego, cego, cego
Percorrer lugares em que jamais estive.
Paisagens que estremecem, contam mistérios do vento, da água que cavou caminhos, das passagens do tempo em escrituras de pedra e lenha.
Andarilho, estrangeiro,  nômade no ponto cego, cego, cego. Andarilho, estrangeiro, nômade no ponto cego, cego, cego. 

arquitetura da luz


Conseguirá harmonia quem mistura exageros de maravilha, celeste sem fim, tinta o dia fogo, dourado, violeta e carmim sob qualquer e todo azul débil, vário e profundo? Foi o que perguntei ao arquiteto da luz, diante do por do sol que ele trazia. Respondeu-me com olhos a sorrir de soslaio, com o silêncio de quem adormeceu.

Síncope

Um, dois e três dias cheios de emoções e afazeres.
Penso em sair do mundo.
Retorno. Adormeço sobre o meu braço. Rompantes nas horas.

Voar

Escutei um fio fino de voz, depois vi que chorava um anjo.
Eu nada entendi.
Eu nunca entendi.
Eu apenas chorei junto dele, sem saber se chorar ou saber, qual seria o melhor.
Ele olhou-me e secou as lágrimas.
Deve ele ter entendido coisas que eu nunca alcancei. Jamais alçarei os voos e estados do anjo. Eu não tenho as asas. Eu tenho apenas as minhas emoções.

31.10.12

pele

Um verbo, por favor.

Um verbo para a expressão dos sentidos da pele.

Um verbo específico, que sentir apenas parece indistinto.

A pele inventa outros em mim.

29.10.12

Chama


via

Sobre o muro os canteiros não são vasos, são a vila, a cidade, são o mundo.

continente

O insondável não cabe em palavras ou emoções. Sem ausência ou falta, não choro, rio ou sofro. Transbordo.

Caligrafia

Ela rebordou os monogramas do nome dela nos lenços, fronhas e lençóis. Ela sempre seria a outra. Ele sempre era o mesmo.

Passamanaria

E repregava fitas das velhas anáguas, nos saiotes ela buscava vestígios da cintura elástica. Despregaram-se os liames das vestes íntimas com os anos em que a sua existência se afrouxava entre os lençóis amarfanhados e rotos de um leito vazio. A lassidão despregava da face de atriz, nas roupas cor de carne antiga que o espelho de prata carcomida contou à moral que jamais morou num quarto fumarento de pensão.

Azul noturno


Azul. A cidade está azul. Enfeitada, enluarou-se para embriagar-se com os perfume noturnos das floradas de árvores inebriadas. Os próprios perfumes, as ruas vazias movem-se na noite a passos lentos.
As cácias vulgares, pouco sopradas pelo vento que delas se afasta. Almiscarados açúcares, o perfume do doce perfume, vertigem da satisfação em alcovas de putas antigas. Elas rondam a rua da Lapa. À subida da Paes Leme, o fôlego traga lufadas das doses inebriantes de saudades, desespero do olfato dominado pelos segredos da vida noturna das árvores.
A vida é insuportavelmente ruidosa na noite desta cidade vazia e embriagada de si.

2.10.12

Congresso ABRACE - Sessão aberta

_______________________________________________
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GT - Teorias do espetáculo e da Recepção
SESSÃO ABERTA


Dia 11/10
- Quinta Feira

9h às 10h30

GTs Abertos 


Teorias do Espetáculo e da Recepção
Performance e Teatralidades. As Narrativas do Drama


1 - Teorias em Performance

Mauro Rodrigues - UEL.

Rizoma: Fausto. Pesquisa artística, empreendida na forma de experimentos, realizada ao longo dos últimos 4 anos, que resulta em breves improvisações com uma marionete de balcão e temas diversos. Será apresentada uma cena de teatro de animação sobre uma mesa, com boneco antropomorfo articulado, confeccionado em espuma de borracha e madeira. Os procedimentos experimentados são os de animação com manipulação direta, na qual o movimento da marionete é impulsionado sem o auxílio de varas, varetas, fios, gatilhos ou outros suportes; toca-se diretamente o corpo da marionete. Acompanha música mecânica. Improvisação é dirigida a partir dos princípios da mimeses corpórea, do corpo biomecânico da marionete.

2 - O Telos da Educação:

Taís FERREIRA
Universidade Federal de Pelotas.

"Corpo e imaginação nos anos iniciais: como instigar professoras pedagogas?"
Universidade Federal de Pelotas. UFPel; docente nos cursos de Teatro e Dança. CAPES/PIBID;
coordenadora de gestão de processos educacionais.



3 - As práticas da Teoria: Experiências da Arte contra a Barbárie.

Alexandre Mate

Apontamentos acerca do teatro de grupo na cidade de São Paulo: uma força de combate. São Paulo: Instiituto de Artes - Unesp. Professor Doutor Assistente (Departamento de Artes Cênicas, Educação e Fundamentos da Comunicação).

Na década de 1990, diversos grupos de teatro mobilizados politicamente criam o movimento Arte Contra a Barbárie, cujo escopo de luta contra o mercado reificante faz surgir um programa municipal de fomento transformador do fazer teatral na cidade paulistana.


ABRACE Comunicações GT - Teorias do Espetáculo e da Recepção

ABRACE
Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas
GT Teorias do Espetáculo e da Recepção – 10 anos


Dia 08/10 –

13h00


* ESTUDOS CLÁSSICOS E RECEPÇÃO. ESTUDOS TEATRAIS E A ANTIGUIDADE GRECO-LATINA. MOTA, Marcus: UNB.

* TEATRO VISUAL DE LESZEK MADZIK (POLÔNIA, 1970). CINTRA, Wagner. UNESP.

* VIGOTSKI E A CRÍTICA DE LEITOR. O SIMBOLISMO EM HAMLET DE STANISLAVSKI e GORDON CRAIG. BARROS, E.; CAMARGO, R. UFG - FAPEG.

* A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO SEMIÓTICO NAS VANGUARDAS TEATRAIS (1890-1930). BRÖNSTRUP, Camila. UFRGS.

* MEMÓRIAS DE CARMEM (PETER BROOK). MATSUMOTO, Roberta. UNB.

* BECKETT COM PÉS DE CURUPIRA – PERFORMANCE EM COMPANHIA – GRUPO MÁSKARA. REINATO, Eduardo . Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

* RESSONÂNCIA CÊNICA DO ATO MUSICAL. OLIVEIRA, Lenine. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

* TRAMAS DE VISUALIDADES CÊNICAS E HÍBRIDOS INESPERADOS: CORPOREIDADE, VESTIMENTA E MEMÓRIA EM IN ILLO TEMPORE (ANA MARIA PACHECO) MARTINS, Rosi. Universidade Federal de Goiás

* TEXTOS EM TRAPOS: PREPARAÇÃO VOCAL TRANSDISCIPLINAR. FERNANDES, Adriana. UFPB.

* PERFORMANCES DA MENTIRA ENTRE CONTADORES DE "CAUSOS" TRADICIONAIS. HARTMANN, Luciana. UnB.

* CÉLULAS COREOGRÁFICAS COMO FRAGMENTO DE MEMÓRIA: VIEWPOINTS TÉCNICA DE COMPOSIÇÃO DO ESPETÁCULO BREVE BOCCA, Luiza O. UFBa.

* TEATRO DE OBJETOS – REFLEXÕES SOBRE UM TEATRO HÍBRIDO E MARGINAL. D'ÁVILA, F. UNESP.

* MEDIAÇÃO, INTERAÇÃO E PRODUÇÃO DE SENTIDOS: PROTOCOLOS DE RECEPÇÃO & PROTOCOLOS DE PROCESSO. RODRIGUES, Mauro R. UEL


GT Teorias do Espetáculo e da Recepção – 10 anos

Dia 09/10

13h00


* MEMÓRIAS E IDENTIDADES KALUNGA EM CENA. COSTA, E.; MATSUMOTO, R. UnB

* A DRAMATURGIA DO ESPECTADOR E O LUGAR DE SUA EXPERIÊNCIA. MASSA, Clóvis Dias. UFRGS.

* A CENOGRAFIA VIVA DO GRUPO XPTO DE TEATRO. OLIVEIRA R.

* ESTÁ À VENDA O JARDIM DAS CEREJEIRAS – UMA PROPOSTA DE DRAMATURGIA E ENCENAÇÃO. ELIAS, Larissa. UFRJ.

* FORMAÇÃO EM PALHAÇO: REFLEXÕES METODOLÓGICAS SOBRE O PROCESSO DE APLICAÇÃO DE METODOLOGIA DE FORMAÇÃO DE NOVOS PALHAÇOS NA DISCIPLINA TEAC 1, NO DEPARTAMENTO DE ARTES CÊNICAS. OLIVEIRA, Denivaldo C.. Universidade de Brasília.

* A DRAMATURGIA DO ATOR E OS DOCUMENTOS NA TRILOGIA DE GUERRA DA AMOK.TELZER Andrea. UNIRIO.

* UMA EXPERIÊNCIA ENTRE O TEATRO E O CINEMA: O CORPO NO LUGAR ERRADO. FISCHER, R. UNB.

* O RISO E O ESPECTADOR SOTEROPOLITANO: REFLEXÕES SOBRE O FENÔMENO DA RECEPÇÃO NOS ESPETÁCULOS "CABARÉ DA RRRAÇA!" DO BANDO DE TEATRO OLODUM E "BERLINDO" DO GRUPO DE TEATRO FINOS TRAPOS LIMA, F. UFBa

* IMAGENS DE RUPTURAS: INVESTIGAÇÃO PARA UM ENCONTRO ENTRE CINEMA TEATRO E PERFORMANCE . MELLO, J. UNB.

* FORMAÇÃO DE PLATEIAS: UM DESAFIO DE ACESSO FÍSICO E/OU LINGUÍSTICO? MORAES, Martha Lemos. Universidade de Brasília.

* A GESTUALIDADE EM A NOITE DOS PALHAÇOS MUDOS. CIA MINIMA SÃO PAULO BASTOS, Lilia Nemes. Unesp.

* ENTRE EFEITOS DE SENTIDO E DE PRESENÇA: RECEPÇÃO, JOGO, MEMÓRIA E MUNDIVIVÊNCIA. Werlesson Grassi. Unirio.

* SENTIDO E ESTRANHAMENTO NO ESPETÁCULO DANAIDES: INVESTIGAÇÕES SOBRE MEDIAÇÃO. CORADESQUI, Glauber; RODRIGUES, Giselle. Brasília: Universidade de Brasília. Universidade de Brasília.

* ENTRE MEMÓRIAS. BRASÍLIA: GRUPO POÉTICAS DO CORPO. CASTRO, Rita de Almeida. UnB.

* RELATO DO PERCURSO TEÓRICO – PRÁTICO - CRIATIVO: TEXTO / IMAGEM, CORPO / ATOR, OBJETO, CENA E OS ESPECTADORES. BARRETO, Cristiane Santos. UFBA.


GT Teorias do Espetáculo e da Recepção – 10 anos

Dia 10/10

13h00


* EMANCIPAÇÃO DO ARTISTA E O DESENVOLVIMENTO CULTURAL . BARBOSA, Joyce. U.Fed. Bahia.

* O ESTADO DAS PESQUISAS SOBRE TEATRO EM GOIÁS. TEIXEIRA, Ana Paula. UFG.

* MEMÓRIA DA VERDADE FICTÍCIA NA EXPERIÊNCIA DE CONSULTA MÉDICA ENCENADA. CAMARGO. UFPEL.

* CÉLULAS COREOGRÁFICAS COMO FRAGMENTO DE MEMÓRIA: O VIEWPOINTS COMO TÉCNICA DE COMPOSIÇÃO DO ESPETÁCULO BREVE. BOCCA, Luiza Oliva.. UFed. da Bahia,.

* O ESPECTADOR CRIADOR NO ESPETÁCULO PROJETO TEATRO À LA CARTE: NOTAS SOBRE A CONSTRUÇÃO DE UMA "EMANCIPAÇÃO POIÉTICA". PIRES, Graciane Borges. UFRGS.

* ENSAIOQUEPROVOCAPLATEIAQUERE-CONHECE(SE). HAMLET: POSSÍVEIS PONTES ENTRE PALCO E PLATEIA NA CENA TEATRAL CONTEMPORÂNEA. PESSANHA, Sunshine. UFFluminense.

* ATOR E ESPECTADOR: DO ENCONTRO AO ACONTECER POÉTICO. PIEDADE, Valquiria Vasconcelos. UDESC.

* AS TRANSFORMAÇÕES TEATRAIS PELO VÍDEO. ROZA, Adriano. UnB

* PONTO DE PARTIDA PARA O PROCESSO CRIATIVO. BARRETO, Cristiane Santos. UFBA.

* O TEATRO NO COTIDIANO ESCOLAR NO VALE DO ITAJAÍ: DIAGNÓSTICO DE UM PROJETO DE MEDIAÇÃO TEATRAL. ROMANO, Olívia Camboim. FURB.

* A INTERSECÇÃO ENTRE ESPAÇO E PODER NA PEÇA TEATRAL "MARIANA PINEDA" CARMÉZZ, Gisele UNB.

* O CAPITÃO E A SEREIA, COMPANHIA CLOWNS DE SHAKESPEARE: TRADIÇÃO OU CONTEMPORANEIDADE TEATRAL? PINTO, Erlon Cherque. UFPB.

* DRUNK DRAG LOVER: O QUE FAZEM DOIS CORPOS EMBRIAGADOS FALANDO DE AMOR? ARAUJO, Samuel. Brasília: Universidade de Brasília. Universidade de Brasília; Mestrado; Marcus Mota. CAPES, bolsista. Ator, Produtor e Bailarino

* O PROCESSO CRIATIVO DE HUGO RODAS NO ESPETÁCULO "OS SALTIMBANCOS". SILVA, Angélica Beatriz Souza e.. Brasília: Universidade de Brasília; Mestranda em Artes;


18.8.12

Ato, desato, nada faço




Boato corre à boca miúda e tem bem poucos dentes...



O tempo



o inapreensível instante





Os dias ficam espertos


não cabem
em si,
em horas,
minutos,
em segundos

Apenas dias memoráveis,
deseja a eternidade 

21.7.12

Opera

Comemora a volta do sol, dos frutos o luzidio vermelho e amarelo, florescências da intensidade em verdes e azuis profundos.

Presencia o mistério da destilação da sombra, a luz nas copas, dos galhos à ramada.

Abre asas, volutas dos quatro ventos.

Incentiva o incêndio da alma adormecida das cigarras.

Redesenha a memória dos enigmas nas tardes aquecidas. 

Desperta estridentes, nos desesperados clamores do sol, a agonia do dia, afogado na paleta que tinta sangue o horizonte.

Evapora o renascer nas manhãs;

Adormece a flama do almofariz infinitivo.

Celebra o ouro que em si germina, na cor do orvalho, na pressão da luz universal, na solvência da evaporação do sal.

Combina o princípio do verbo fixo.

Arrebata na combustão e corrosão dos metais o volátil, o inerte.


No campo da mortal batalha dos dragões solares e lunares, o novo e impermanente espírito.
Aos olhos da manhã, sob a luz amarela, o menino cintila com as mãos sobre a mesa: numa a moeda, na outra a faca e o cálice ao centro, ao alcance da boca.


O Ser/estar, se nunca nasceu, neste dia sem fim, nem começo renasceu.

Aleias de Zínias




Um corte entre as costelas,
a terceira e a quarta.
Um talho no peito.
Um rio, sem ser o Tejo.


Dias escorrem, vãos
dentes e dedos sob sol sempre brando.
Tênues curvas das horas
e as sementes aquecidas sob a terra.


Paris entre os desatinos das águas 
teima entre desertos e parques, heras, sombras, réstias.


Areia sobre a lente dos relógios não faz parar as horas.
O perfume acre das histórias,
fotografias.
Sussurros do templo: é o presente antes de ontem.


Mister o corpo,
expia a pele,
reconta suspiros,
medos em renovados segredos.


Jorra sangue das páginas.
Jovens amantes vacilam.
Apagar as luzes dos olhos em bacias de desejos.


Na pele um fio vermelho escavado,
anela o dedo dos noivos.
Cicatriz muda, vazia.

A morte não deixa filhos, não tem sentidos, finalidades, mistérios.




12.7.12

Carta dos docentes de História da UFPB endereçada ao PPGH solicitando desligamento


PRODUTIVISMO: Carta dos docentes de História da UFPB endereçada ao PPGH solicitando desligamento.

João Pessoa, 02 de julho de 2012

Ciência precisa de maturação, que esse princípio possa ser aplicado nas Ciências Humanas!
Os signatários deste documento vêm respeitosamente solicitar seu desligamento do Programa de Pós-Graduação em História da UFPB.
Nossa decisão não está relacionada de forma específica à condução realizada pela Coordenação ou ao restante do corpo docente do Programa – excetuadas divergências de caráter pontual, sempre presentes em quaisquer grupos de trabalho –, mas liga-se à discordância com os rumos dos Programas de Pós-Graduação no Brasil, em nosso Estado e na nossa Universidade.
Os gestores de pós-graduação, seja por adotarem uma posição pragmática, pressionados pelos parâmetros quantitativos das agências de fomento que controlam a pesquisa de pós-graduação no país, seja por acreditarem que tais parâmetros são corretos, têm levado os cursos, os docentes e discentes à busca desenfreada pelo cumprimento de metas quantitativas em detrimento, em nossa compreensão, de valores que devem nortear a produção do conhecimento acadêmico e que se articulam a dimensões qualitativas da pesquisa e da reflexão na área das Ciências Humanas.
Num texto não tão recente, mas bastante atual, intitulado Notas para a Discussão sobre a Excelência Acadêmica, a filósofa Marilena Chauí realizou uma breve e lúcida reflexão sobre os atuais critérios de avaliação e seus indicadores. Nele apresenta uma série de críticas ao sistema e seus parâmetros que ranqueiam eventos e periódicos e atribuem, a partir daí, pontuações que qualificam (ou desqualificam) o docente e, por tabela, os Programas aos quais estão vinculados. Apesar de não citá-lo diretamente, o referido texto inspira, em boa medida, este documento. Reconhecemos o fato de que também somos co-responsáveis pela situação, de um modo global, pois em diversas circunstâncias referendamos as metas quantitativas e as reproduzimos em nossas práticas. Certamente, mesmo a contragosto, encaminhamos certos procedimentos exigidos em função de cobranças institucionais. Entretanto, o avanço desse processo tornou a situação cada vez mais inflexível e nos levou a tomar essa iniciativa de desligamento formal.
Consideramo-nos profissionais sérios, comprometidos com a universidade, com o trabalho acadêmico e com a produção do conhecimento, e sempre buscamos em nossas atribuições, seja no ensino, na pesquisa, na extensão ou na administração, contribuir com a melhoria cursos de História da graduação e da pós-graduação. Nossos alunos sabem do que estamos falando e não precisamos, aqui, dizer quem somos e porque nos colocamos contra o produtivismo quantitativo. Não acreditamos que se faça História – uma ciência humana do acúmulo, da maturação, da reflexão, uma escrita tão próxima da literatura, com tanto a ver com a imaginação criativa – sem o tempo que lhe é devido e sem propósito de dizer algo novo.
Não defendemos, aqui, a acomodação, fenômeno tão nocivo à vida acadêmica, e reconhecemos a importância da produção científica e da publicação periódica de resultados de pesquisas – que tem avançado, apesar dos percalços, em nosso país – mas entendemos que produção não é sinônimo de produtivismo. Essa distorção, com seus inúmeros vícios, mais esteriliza que permite o avanço da ciência, especialmente no campo das humanidades. A questão fundamental é definir o que significa produção. Limitar o reconhecimento da produção acadêmica ao vale-tudo do "publish or parish", não é contribuir para a inovação, é ingressar num "burocratismo" que privilegia a busca desenfreada de rankings em vez da efetiva e qualificada produção científica.
Entre outras questões, a criação de programas de pós-graduação deve se dar em consonância com a graduação, sendo que essa segunda não pode tornar-se tão somente um apêndice ou uma espécie de "etapa preparatória" da primeira. A pós-graduação deve significar um desenvolvimento da graduação e não uma negação dela. Nesse sentido, relegar a graduação e o ensino a um status menor é um equívoco extremamente danoso e que pode solapar as bases de formação qualificada de profissionais em diversas áreas.
Deve-se observar a estrutura de cada programa de pós-graduação e sua forma de inserção na sociedade no seu entorno, para se avaliar inserindo critérios de ponderação, que não tornem os parâmetros uniformes e inflexíveis. Cada região do país possui suas peculiaridades e não se pode ter uma medida  desconsidere isso. Um pequeno exemplo pode ser apresentado: na realização de eventos há uma pontuação que desqualifica aqueles de caráter local ou regional e valoriza os nacionais ou internacionais. Em suma, todas essas questões, num país das dimensões do Brasil, exigem uma definição de critérios que não funcionem como "desculpas", mas que permitam avaliar para além de parâmetros rigidamente lineares.
Considerando, especificamente, um Programa como o nosso, que tem como seu escopo fundamental questões ligadas à história regional e ao ensino da disciplina, priorizar critérios que não levem esses aspectos em conta na sua avaliação contradiz a própria essência que norteou a criação do mesmo. Isso não implica em qualquer forma de xenofobia, mas em reconhecer que os critérios valorativos aplicados estão também relacionados a lócus de poder que ultrapassam o aspecto puramente científico. Também há de se respeitar as peculiaridades de cada campo do conhecimento, pois não é possível mensurar a produção na área das ciências humanas, tendo como parâmetro a produção científica e tecnológica das áreas das ciências exatas. Mais uma vez, é preciso considerar as diferenças e peculiaridades inerentes a cada situação, mesmo mantendo o rigor e a seriedade necessários ao processo avaliativo.
Os docentes que assinam este documento, não concordam com a preponderância quase absoluta do critério hoje considerado imprescindível nas avaliações dos Programas de Pós-Graduação: a produção e publicação de artigos num sistema que prioriza aspectos essencialmente quantitativos. Para realizá-los com a qualidade que exigimos de nós mesmos, para que sejam textos originais e que contribuam com o avanço do conhecimento em nossos temas, é necessário que sejam produzidos a partir de reflexões realizadas no ritmo em que nos seja possível pensar e escrever História. Efetivamente, com a carga de trabalho e a diversidade de ocupações que assumimos, não consideramos a menor possibilidade de cumprir, com qualidade, tais metas quantitativas.
Com certeza, as questões aqui brevemente esboçadas – além de diversas outras sequer mencionadas – estão relacionadas a um contexto bem mais amplo e complexo e não temos a pretensão de esgotar qualquer uma delas ou de ter respostas definitivas. Apenas manifestamos nosso direito de discordar de algumas condições existentes para a produção do trabalho científico e tomamos uma atitude maturada ao longo de várias discussões nos últimos tempos. Acreditamos que esse contexto é parte de um difícil processo de consolidação efetiva da pesquisa e da pós-graduação no nosso país e seria uma atitude pouca historiadora de nossa parte assumirmos o discurso da inevitabilidade de determinadas situações "para todo o sempre". Certamente, os tempos que virão poderão trazer mudanças, necessidades de ajustes, redefinição de prioridades.Dessa forma, nos mantemos disponíveis para o debate respeitoso de posições e para colaborar direta ou indiretamente com a pós-graduação em outras e renovadas circunstâncias.
Reconhecemos a seriedade e compromisso das trajetórias de muitos de nossos colegas que consideram esse ritmo de trabalhos adequado, bem como daqueles que, apesar de não concordarem se submetem ao esforço produtivo nos moldes exigidos e que buscarão realizá-lo de forma qualificada. São questões da diversidade de opinião que devemos respeitar, mas com as quais não concordamos. Também não gostaríamos de criar contratempos ao Programa, que consideramos socialmente necessário, porque, apesar dos limites impostos pelos prazos de dissertação, ele contribui para a formação de quadros profissionais de História no Estado da Paraíba e no Nordeste. Por fim, informamos que não deixaremos ônus ou prejuízos no que tange às orientações e outras atividades em andamento, apesar de encaminharmos essa situação em ritmos e condições diferenciadas para cada um de nós e que serão devidamente cientificadas à Coordenação do Programa.
Atenciosamente,
Ângelo Emilio da Silva Pessoa José Jonas Duarte da Costa Regina Célia Gonçalves Regina Maria Rodrigues Behar

23.4.12

Ítaca




Se contasse, jamais acreditaria...

de aí que às paredes eu e tu confessaríamos.

diante da recusa do meu amante antigo, o silêncio se fez constante.

e passamos às inimizades, esteios, arrimos

onde encontros, jamais outra vez nos vimos

esmaece o espelho da nossa juventude de crédulos

eu vivi uma juventude bélica do amor,

feita batalhas, perdas e conquistas

15.2.12

Valentine's day


Vivente se diz apaixonado: é meloso, grudento e pegajoso.
 
Diz-se enamorado, mas é emocionalmente dependente, ciumento, choroso, insatisfeito. 
Diz esperar alguém que o complete. Sem saber quem é, sua vida é insignificante, insuficiente. Espera viver com o outro algo que o defina.

5.2.12

Busca


Busca em ciência e arte reorganizar
o espaço/tempo de percepção/sensação,
o pensamento e a prática,
tornando-os aportes para uma realidade outra.
(Mauro R Rodrigues)

30.1.12

Denominação

DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!! DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!TÁDENOMINADO!!DENOMINADO!!!TÁTUDODENOMINADO!!!!!

Velai

Uns sabem receber. Outros estão prontos para compartilhar. Uns em si naufragam. Outros se surpreendem juntos ao navegar. 


Ciclope


Vestiu-se de coerência e saiu por aí, sentindo-se protegido, posto que sabia aquela arma ser suficiente para enfrentar o mundo.



Pict.: David_Byrne1991 Diário de Bernfried Järvi.

18.1.12

Livro das Tréguas

No livro das tréguas, o nome das pausas, retiradas e ausências dos exércitos. O sumário.
Não esqueço as desistências, as anulações e desesperanças.
As tréguas e desilusões diferem, sendo cansaços desde o começo do mundo.

16.1.12

Voo

E há os que vagam.
Ora num e noutro estado,
Há os que sonham sem dormir
E os que brotam.
Há quem germine em atenções.
Entre ambos e nenhum.
Entre sol, fumaça,
anodino ao que seja,
estranho ou idêntico,
amanheço sem nome

Um erra, equivoca-se e a opinião coletiva pesadamente o julga e o condena à exclusão do jogo.
Assistimos os sentimentos e as experiências erráticas nossas, jamais vividas ou por nós admitidas, assumidas e julgadas na pele de um outro que é severamente punido.
Sancionamos as faltas do outro e assim nos libertamos dos sentimentos/pensamentos que em nós não admitimos sequer permaneça uma breve sombra.
Seu herói sobrevive, sentado na sala, assistindo na tv como seria a vida amarga, triste e demasiadamente humana, caso ele ousasse viver.

Descrevi aspectos aversivos de pessoas repulsivas. Desenhei o retrato preciso da desconhecida sombra que eu projeto no mundo.